A perspectiva dos casos de doping sanguíneo no esporte de elite na última década
Resumo
O doping sanguíneo é uma prática que envolve a manipulação de componentes sanguíneos usando substâncias como eritropoietina e transfusões de sangue. Tanto a eritropoietina quanto as transfusões aumentam a capacidade de transporte de oxigênio ao elevar a concentração de hemoglobina, potencialmente melhorando o consumo máximo de oxigênio. Este estudo tem como objetivo identificar a prevalência do doping sanguíneo entre atletas sancionados pela Agência Mundial Antidoping nos últimos 10 anos, comparando entre gêneros e modalidades esportivas. Um total de 114 casos de doping sanguíneo foi registrado. O uso de eritropoietina (105 casos) foi observado em 84,8% dos atletas masculinos e 15,2% das atletas femininas. Para transfusões de sangue (9 casos), 55,6% dos casos ocorreram entre atletas masculinos e 44,4% entre atletas femininas. Em termos de modalidades esportivas, o ciclismo destacou-se como o esporte com o maior número de casos (56,1%), seguido pelo atletismo (15,8%). O teste qui-quadrado revelou uma associação significativa entre gênero e tipo de substância usada (χ² = 4,888, df = 1, p = 0,027), com um coeficiente Phi indicando uma associação nominal moderada (ϕ = -0,207). O odds ratio indica que atletas femininas têm uma probabilidade significativamente menor de usar doping sanguíneo em comparação com atletas masculinos (OR = 0,225, IC 95%: 0,054-0,928). Conclui-se que há uma disparidade significativa no doping sanguíneo entre atletas, com maior prevalência de casos entre atletas masculinos. Em termos de modalidade esportiva, o ciclismo emergiu como o esporte com maior incidência de casos de doping sanguíneo.
Referências
-Akoglu, H. User's guide to correlation coefficients. Turkish Journal of Emergency Medicine. Vol. 18. Num. 3. 2018. p. 91-93.
-Aquino Neto, F. R. O papel do atleta na sociedade e o controle de dopagem no esporte. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 7. Num. 4. 2001. p. 138-148.
-Breenfeldt Andersen, A.; Nordsborg, N.B.; Bonne, T.C.; Bejder, J. Contemporary blood doping-Performance, mechanism, and detection. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports. Vol. 34. Num. 1. 2024. p. e14243.
-Buisson, C.; Brooker, L.; Goebel, C.; Morrow, R. Summer Olympic sports and female athletes: comparison of anti-doping collections and prohibited substances detected in Australia and New Zealand vs. France. Frontiers in Sports and Active Living. Núm. 5. 2023.
-Collomp, K.; Ericsson, M.; Bernier, N.; Buisson, C. Prevalence of Prohibited Substance Use and Methods by Female Athletes: Evidence of Gender-Related Differences. Frontiers in Sports and Active Living. Num. 4. 2022.
-Costa, F. S.; Balbinotti, M. A.; Balbinotti, C. A.; Santos, L. Doping no esporte: problematização ética. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Vol. 27. Num. 1. 2008.
-Domen, R.E. Adverse reactions associated with autologous blood transfusion: evaluation and incidence at a large academic hospital. Transfusion. Vol. 38. Num. 3. 1998. p. 296-300.
-Eschbach, J.W.; Egrie, J.C.; Downing, M.R.; Browne, J.K. Correction of the anemia of end-stage renal disease with recombinant human erythropoietin. Results of a combined phase I and II clinical trial. The New England Journal of Medicine. Vol. 316. Num. 2. 1987. p. 73-78.
-Golub, A.; Bennett, A.S.; Elliott, L. Beyond America's War on Drugs: Developing Public Policy to Navigate the Prevailing Pharmacological Revolution. AIMS Public Health. Vol. 2. Num. 1. 2015. p. 142-160.
-Heuberger, J.; Cohen, A.F. Review of WADA Prohibited Substances: Limited Evidence for Performance-Enhancing Effects. Sports Medicine. Vol. 49. Num. 4. 2019. p. 525-539.
-Hoberman, J. History and prevalence of doping in the marathon. Sports Medicine. Vol. 37. Num. 4-5. 2007. p. 386-388.
-Hughes, D. The World Anti-Doping Code in sport: Update for 2015. Australian Prescriber. Vol. 38. Num. 5. 2015. p. 167-170.
-Jelkmann, W. Erythropoietin. Frontiers in Hormone Research. Vol. 47. 2016. p. 115-127.
-Jelkmann, W.; Lundby, C. Blood doping and its detection. Blood. Vol. 118. Num. 9. 2011. p. 2395-2404.
-Jurov, I.; Cvijic, M.; Toplisek, J. Predicting VO2 max. in competitive cyclists: Is the FRIEND equation the optimal choice? Frontiers in Physiology. Num. 14. 2023. p. 987006.
-Lewis, D.A.; Kamon, E.; Hodgson, J.L. Physiological differences between genders. Implications for sports conditioning. Sports Medicine. Vol. 3. Num. 5. 1986. p. 357-369.
-Lu, Y.; Yan, J.; Ou, G.; Fu, L. A Review of Recent Progress in Drug Doping and Gene Doping Control Analysis. Molecules. Vol. 28. Num. 14. 2023.
-Lundby, C.; Robach, P.; Boushel, R.; Thomsen, J. J. Does recombinant human Epo increase exercise capacity by means other than augmenting oxygen transport? Journal of Applied Physiology. Vol. 105. Num. 2. 2008. p. 581-587.
-Lundby, C.; Thomsen, J. J.; Boushel, R.; Koskolou, M. Erythropoietin treatment elevates haemoglobin concentration by increasing red cell volume and depressing plasma volume. The Journal of Physiology. Vol. 578. Num. 1. 2007. p. 309-314.
-Nordsborg, N. B.; Robach, P.; Boushel, R.; Calbet, J. A. Erythropoietin does not reduce plasma lactate, H⁺, and K⁺ during intense exercise. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports. Vol. 25. Num. 6. 2015. p. e566-575.
-Oliveira, C.D.; Bairros, A.V.; Yonamine, M. Blood doping: risks to athletes' health and strategies for detection. Substance Use & Misuse. Vol. 49. Num. 9. 2014. p. 1168-1181.
-Petroczi, A.; Aidman, E. Psychological drivers in doping: the life-cycle model of performance enhancement. Substance Abuse Treatment, Prevention, and Policy. Num. 3. 2008. p. 7.
-Robinson, N.; Giraud, S.; Saudan, C.; Baume, N. et al. Erythropoietin and blood doping. British Journal of Sports Medicine. Vol. 40. Num. Suppl 1. 2006. p. i30-34.
-Saugy, J.J.; Schmoutz, T.; Botre, F. Altitude and Erythropoietin: Comparative Evaluation of Their Impact on Key Parameters of the Athlete Biological Passport: A Review. Frontiers in Sports Active Living. Num. 4. 2022. p. 864532.
-Seeger, B.; Grau, M. Relation between Exercise Performance and Blood Storage Condition and Storage Time in Autologous Blood Doping. Biology. Vol. 10. Num. 1. 2020.
-Sekulic, D.; Tahiraj, E.; Zvan, M.; Zenic, N. Doping Attitudes and Covariates of Potential Doping Behaviour in High-Level Team-Sport Athletes; Gender Specific Analysis. Journal of Sports Science and Medicine. Vol. 15. Num. 4. 2016. p. 606-615.
-Solheim, S. A.; Bejder, J.; Breenfeldt Andersen, A.; Mørkeberg, J. Autologous Blood Transfusion Enhances Exercise Performance-Strength of the Evidence and Physiological Mechanisms. Sports Medicine - Open. Vol. 5. Num. 1. 2019.
-Sottas, P.E.; Robinson, N.; Fischetto, G.; Dollé, G. et al. Prevalence of blood doping in samples collected from elite track and field athletes. Clin Chem. Vol. 57. Num. 5. 2011. p. 762-769.
-Thieme, D.; Hemmersbach, P. Doping in Sports. Springer Berlin Heidelberg. 2009. 9783540790884.
-Trinh, K. V.; Diep, D.; Chen, Kevin Jia Q.; Huang, L. Effect of erythropoietin on athletic performance: a systematic review and meta-analysis. BMJ Open Sport & Exercise Medicine. Vol. 6. Num. 1. 2020. p. e000716.
-Voss, S.C.; Thevis, M.; Schinkothe, T.; Schanzer, W. Detection of homologous blood transfusion. International Journal of Sports Medicine. Vol. 28. Num. 8. 2007. p. 633-637.
Copyright (c) 2025 Rajane de Almeida Cassiano, Heber Oliveira Cardoso Filho, Iasmin Aparecida de Oliveira Ramos da Silva, Matheus Lopes Fonseca, Rebecca Louise de Oliveira, Leonardo Olier de Souza Monteiro, Anderson Meireles, Géssyca Tolomeu de Oliveira

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam neste periódico concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem ao periódico o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License BY-NC que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial neste periódico.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).