Comparação entre diferentes quantidades de exercício físico no rendimento acadêmico e desenvolvimento de sinais do overtraining
Resumo
O objetivo do estudo foi verificar se o rendimento acadêmico está correlacionado com o estado de overtraining, além de comparar os sinais de overtraining entre praticantes de diferentes quantidades de exercício. Testamos a hipótese do comprometimento no rendimento acadêmico decorrente do overtraining e de uma maior presença de sintomas do overtraining em pessoas fisicamente superativas. A amostra consistiu de 186 estudantes da graduação de diferentes cursos na área da saúde (idade: 25±6,65 anos; massa corporal total: 68±14,26 kg; estatura: 1,67±0,09 m). Utilizamos uma anamnese para verificar o status de atividade física e dividir a amostra em três grupos: sedentários ou insuficientemente ativos (n=75), moderadamente ativos (n=69) e superativos (n=41). Além disso, aplicamos o Questionário de Sintomas Clínicos do Overtraining, e o rendimento acadêmico foi obtido através do resultado da avaliação curricular na disciplina fisiologia humana. Os resultados não revelaram diferença estatística na correlação entre os escores de overtraining e o rendimento acadêmico (rs=-0,11; p=0,377). A ANOVA indicou diferença estatística nos escores de overtraining entre sedentários (34,40 ± 13,35) e moderadamente ativos (25,86 ± 13,23) (p<0,01), e entre sedentários e superativos (20,00 ± 13,36) (p<0,001). Concluímos que o rendimento acadêmico não foi afetado pelo estado de overtraining, porém, pessoas sedentárias ou insuficientemente ativas podem ser acometidas por sintomas característicos do overtraining. Existem questões relacionadas ao desenvolvimento da síndrome do overtraining que não são justificadas exclusivamente pela frequência, intensidade, duração e o intervalo das sessões de exercício físico.
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